
Monday, February 26, 2007
Saturday, February 24, 2007
Atenção que eles vêm aí!
Senegal
Chimpanzés vistos a caçar com lanças de madeira
24.02.2007 - 10h58 Teresa Firmino
Já vimos imagens deles a utilizarem pedras para partir nozes e tirar lá de dentro o miolo calórico. Ou a beberem água por uma folha ou a raparem um galho para fazer um apanhador de formigas. O que ainda não se sabia é que os chimpanzés também fabricam lanças de madeira, que usam como armas de caça e não para fins bélicos.
Seguem até cinco passos na construção das lanças. Partem um ramo de uma árvore. Removem-lhe os ramos mais pequenos e as folhas. Ou afiam a ponta do ramo com os dentes.
Dois cientistas observaram-nos nas savanas do Senegal, em Fongoli, entre Março de 2005 e Julho de 2006, e documentaram dez animais a fabricar 26 lanças de madeira.
Em média, as lanças dos parentes mais próximos dos humanos tinham 63 centímetros de comprimento. Empregaram-nas em 22 tentativas de caça, atirando-as às presas com movimentos muito rápidos. Depois de recuperarem as lanças, cheiravam-nas ou lambiam-nas.
E as presas eram outros primatas, os gálagos-do-senegal, que se escondem em buracos de árvores ou se empoleiram nos ramos. Passam o dia a dormir e, assim que anoitece, começam a caçar insectos e aves. Numa das tentativas, os chimpanzés conseguiram que as lanças imobilizassem um gálago.
A fêmea adolescente
Até aqui, tinha-se documentado apenas o caso de um chimpanzé a caçar com a ajuda de uma ferramenta: na estação de Mahale, na Tanzânia, viu-se uma fêmea adolescente a utilizar um ramo para obrigar um esquilo a sair de um buraco. Mas poderia não passar de um caso isolado, sem repetição na natureza por outros chimpanzés. Agora, pela primeira vez, observaram-se chimpanzés a construir e usar armas de forma sistemática para caçar, o que indica tratar-se de um comportamento habitual.
A descoberta é relatada na revista científica "Current Biology", por Jill Pruetz, da Universidade Estadual do Iowa, nos Estados Unidos, e Paco Bertolani, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. “Quando vi isto pela primeira vez, fiquei espantada”, conta Jill Pruetz à revista "Nature".
E eles é que caçam com armas, certo? Não, são principalmente elas. Alguns machos jovens também participam nas caçadas. No entanto, os mais velhos parecem considerar que uma presa de apenas 200 gramas, como é o gálago-do-senegal, não valerá tanto esforço. “Talvez não seja suficientemente benéfico para os machos. Devido ao tamanho das presas, o pacote de proteínas é bastante pequeno”, especula Jill Pruetz.
“É típico nos primatas, quando existem inovações, em particular na utilização de ferramentas, que sejam as novas gerações a apreendê-las rapidamente. Os últimos a apreendê-las são os adultos, principalmente os machos”, comentou a investigadora à BBC on-line. Noutros sítios de África, os colobos são as presas mais perseguidas pelos chimpanzés das florestas, sobretudo machos. Mas estes macacos não existem na savana do Senegal, o que poderá ter levado as fêmeas chimpanzés de Fongoli a encontrar meios complementares de enriquecer as refeições.
Parece que elas, supõem os cientistas, decidiram explorar uma refeição ignorada por eles. Resta saber se outras populações de chimpanzés do Senegal, a casa de 500 animais, ou noutras partes de África, também constroem lanças de caça. Para já, esta descoberta deverá contribuir para se compreender um pouco melhor como os nossos antepassados desenvolveram estratégias de caça.
Para os humanos, as lanças de madeira mais antigas têm 400 mil anos. “Os múltiplos passos seguidos pelos chimpanzés de Fongoli no fabrico de ferramentas para caçar mamíferos envolvem um tipo de antevisão e complexidade intelectual que muito provavelmente caracterizava os primeiros antepassados humanos”, escrevem os cientistas.
Um espelho?
Chimpanzés e humanos também ficaram um pouco mais próximos. Sabemos que as ferramentas fazem parte dos vários modos de vida dos chimpanzés, desde que, na década de 60, a primatóloga americana Jane Goodall descobriu, na Tanzânia, que usavam nervuras das folhas para apanhar térmitas. Sabemos que transmitem esses conhecimentos às gerações, por isso, tal como nós, são detentores de uma cultura material. Agora acabámos de descobrir que as armas de caça não são exclusivas da espécie humana. Estaremos a ver-nos ao espelho
Chimpanzés vistos a caçar com lanças de madeira
24.02.2007 - 10h58 Teresa Firmino
Já vimos imagens deles a utilizarem pedras para partir nozes e tirar lá de dentro o miolo calórico. Ou a beberem água por uma folha ou a raparem um galho para fazer um apanhador de formigas. O que ainda não se sabia é que os chimpanzés também fabricam lanças de madeira, que usam como armas de caça e não para fins bélicos.
Seguem até cinco passos na construção das lanças. Partem um ramo de uma árvore. Removem-lhe os ramos mais pequenos e as folhas. Ou afiam a ponta do ramo com os dentes.
Dois cientistas observaram-nos nas savanas do Senegal, em Fongoli, entre Março de 2005 e Julho de 2006, e documentaram dez animais a fabricar 26 lanças de madeira.
Em média, as lanças dos parentes mais próximos dos humanos tinham 63 centímetros de comprimento. Empregaram-nas em 22 tentativas de caça, atirando-as às presas com movimentos muito rápidos. Depois de recuperarem as lanças, cheiravam-nas ou lambiam-nas.
E as presas eram outros primatas, os gálagos-do-senegal, que se escondem em buracos de árvores ou se empoleiram nos ramos. Passam o dia a dormir e, assim que anoitece, começam a caçar insectos e aves. Numa das tentativas, os chimpanzés conseguiram que as lanças imobilizassem um gálago.
A fêmea adolescente
Até aqui, tinha-se documentado apenas o caso de um chimpanzé a caçar com a ajuda de uma ferramenta: na estação de Mahale, na Tanzânia, viu-se uma fêmea adolescente a utilizar um ramo para obrigar um esquilo a sair de um buraco. Mas poderia não passar de um caso isolado, sem repetição na natureza por outros chimpanzés. Agora, pela primeira vez, observaram-se chimpanzés a construir e usar armas de forma sistemática para caçar, o que indica tratar-se de um comportamento habitual.
A descoberta é relatada na revista científica "Current Biology", por Jill Pruetz, da Universidade Estadual do Iowa, nos Estados Unidos, e Paco Bertolani, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. “Quando vi isto pela primeira vez, fiquei espantada”, conta Jill Pruetz à revista "Nature".
E eles é que caçam com armas, certo? Não, são principalmente elas. Alguns machos jovens também participam nas caçadas. No entanto, os mais velhos parecem considerar que uma presa de apenas 200 gramas, como é o gálago-do-senegal, não valerá tanto esforço. “Talvez não seja suficientemente benéfico para os machos. Devido ao tamanho das presas, o pacote de proteínas é bastante pequeno”, especula Jill Pruetz.
“É típico nos primatas, quando existem inovações, em particular na utilização de ferramentas, que sejam as novas gerações a apreendê-las rapidamente. Os últimos a apreendê-las são os adultos, principalmente os machos”, comentou a investigadora à BBC on-line. Noutros sítios de África, os colobos são as presas mais perseguidas pelos chimpanzés das florestas, sobretudo machos. Mas estes macacos não existem na savana do Senegal, o que poderá ter levado as fêmeas chimpanzés de Fongoli a encontrar meios complementares de enriquecer as refeições.
Parece que elas, supõem os cientistas, decidiram explorar uma refeição ignorada por eles. Resta saber se outras populações de chimpanzés do Senegal, a casa de 500 animais, ou noutras partes de África, também constroem lanças de caça. Para já, esta descoberta deverá contribuir para se compreender um pouco melhor como os nossos antepassados desenvolveram estratégias de caça.
Para os humanos, as lanças de madeira mais antigas têm 400 mil anos. “Os múltiplos passos seguidos pelos chimpanzés de Fongoli no fabrico de ferramentas para caçar mamíferos envolvem um tipo de antevisão e complexidade intelectual que muito provavelmente caracterizava os primeiros antepassados humanos”, escrevem os cientistas.
Um espelho?
Chimpanzés e humanos também ficaram um pouco mais próximos. Sabemos que as ferramentas fazem parte dos vários modos de vida dos chimpanzés, desde que, na década de 60, a primatóloga americana Jane Goodall descobriu, na Tanzânia, que usavam nervuras das folhas para apanhar térmitas. Sabemos que transmitem esses conhecimentos às gerações, por isso, tal como nós, são detentores de uma cultura material. Agora acabámos de descobrir que as armas de caça não são exclusivas da espécie humana. Estaremos a ver-nos ao espelho
Thursday, February 22, 2007
Wednesday, February 21, 2007
A propósito de arte e de kizomba
No outro dia participei numa discussão onde se duvidava do facto de o kizomba ser uma arte ou não. Numa tentativa de dissipar qualquer dúvida que tenha restado, segue:
(também um excelente exempo de "inteligência colectiva", não? :P)
A propósito do QI colectivo

Para contribuir um pouco.
Mas acredito mais por aqui.
Entretanto, as abelhas já cá andam cheinhas de sucesso há alguns milhões de anos. Nós, espécie humana, jovens e mais espertos, teremos a verdadeira qualidade da tal que se diz colectiva, bem aferida dentro de talvez uns milhares de anitos.
Elas, as abelhas, por cá andarão, muito provavelmente. Nós, e as ovelhas, talvez já não.
Eventualmente, se e quando surgirem simbiotes para coordenar com a espécie humana, esta e o meio ambiente sejam sustentáveis. Inteligentemente. Sem máquinas, acho difícil.
Mas, até estamos a trabalhar para isso. Não é?
Foto do dia
"Inteligência Colectiva" Explained
Eu acredito que a inteligência de um grupo pode ser superior à soma das inteligências dos indivíduos que o compõem.
Será que não posso aplicar o termo "inteligência" no contexto de um grupo? Porquê?
Num grupo existe a capacidade de resolução de problemas e de percepção. E é geralmente superior à de cada um dos elementos. Creio que a maioria das pessoas que tenham o mínimo de experiência de trabalho em equipa poderão concordar comigo.
No post anterior citei um artigo em que se dava um exemplo de como um conjunto suficientemente grande de apostadores conseguia obter melhores resultados que os chamados "especialistas" dessa área.
É preciso não esquecer que a inteligência se manifesta sob as mais variadas formas. A Galileu, Confúcio, Newton, Tchaikowsky, Churchil, Camoes, Gandi, Picasso, Bill Gates, Miguel-Angelo, Bell, Pasteur, D. Dinis, Onasis eu adicionaria Hitler, Bin Laden, Pinochet, Kim Jong-il, Mahmoud Ahmadinejad. Todos eles indivíduos inteligentes? Se calhar custa-nos a admitir a verdade...
E apesar da inteligência de cada indivíduo se manifestar num espectro que vai da excelência em bondade à mais pura crueldade, a Humanidade, como um todo, tem conseguido sobreviver, evoluir e tornar-se a espécie dominante do planeta. Será devido a uma mão cheia de "iluminados"? Ou será que o nosso "grupo", pela extraordinária heterogeneidade é globalmente responsável pelo sucesso da espécie?
Os mais pessimistas dirão "Sucesso? Mas isto está tudo perdido! É o aquecimento global, a fome, as bombas atómicas, o terrorismo!!!"
Sim... sim. Quanto a mim tudo isso faz parte da "inteligência colectiva". E a verdade é que, até não estarmos, estamos cá.
Somos seres eminentemente sociais. A inteligência de um único indivíduo isolado, incomunicável, de nada serve. É cada vez mais difícil um só ter um grande impacto. Dependemos mais e mais uns dos outros para o bem e para o mal. Isso é mau? É porque as pessoas estão a ficar mais estúpidas? Não me parece.
Será que não posso aplicar o termo "inteligência" no contexto de um grupo? Porquê?
Num grupo existe a capacidade de resolução de problemas e de percepção. E é geralmente superior à de cada um dos elementos. Creio que a maioria das pessoas que tenham o mínimo de experiência de trabalho em equipa poderão concordar comigo.
No post anterior citei um artigo em que se dava um exemplo de como um conjunto suficientemente grande de apostadores conseguia obter melhores resultados que os chamados "especialistas" dessa área.
É preciso não esquecer que a inteligência se manifesta sob as mais variadas formas. A Galileu, Confúcio, Newton, Tchaikowsky, Churchil, Camoes, Gandi, Picasso, Bill Gates, Miguel-Angelo, Bell, Pasteur, D. Dinis, Onasis eu adicionaria Hitler, Bin Laden, Pinochet, Kim Jong-il, Mahmoud Ahmadinejad. Todos eles indivíduos inteligentes? Se calhar custa-nos a admitir a verdade...
E apesar da inteligência de cada indivíduo se manifestar num espectro que vai da excelência em bondade à mais pura crueldade, a Humanidade, como um todo, tem conseguido sobreviver, evoluir e tornar-se a espécie dominante do planeta. Será devido a uma mão cheia de "iluminados"? Ou será que o nosso "grupo", pela extraordinária heterogeneidade é globalmente responsável pelo sucesso da espécie?
Os mais pessimistas dirão "Sucesso? Mas isto está tudo perdido! É o aquecimento global, a fome, as bombas atómicas, o terrorismo!!!"
Sim... sim. Quanto a mim tudo isso faz parte da "inteligência colectiva". E a verdade é que, até não estarmos, estamos cá.
Somos seres eminentemente sociais. A inteligência de um único indivíduo isolado, incomunicável, de nada serve. É cada vez mais difícil um só ter um grande impacto. Dependemos mais e mais uns dos outros para o bem e para o mal. Isso é mau? É porque as pessoas estão a ficar mais estúpidas? Não me parece.
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